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A importância da pontuação (I)
Inserido em 2013-01-18  |  Adicionar Comentário



Uma das dificuldades mais evidentes nas produções escritas dos alunos é a pontuação. Em geral, o assunto é tratado nos primeiros anos de escolaridade e, nos anos posteriores, dá-se por adquirido que, por ser uma das aprendizagens básicas, eles a dominam com maior ou menor dificuldade.

Na realidade, se tomarmos como exemplo o caso da vírgula, vemos que esse domínio não é tão certo como parece, sobretudo se tivermos em conta que a utilização deste sinal de pontuação tem muito mais que ver com a sintaxe e muito menos com as pausas da oralidade a que é frequentemente associado.

Na sintaxe, os casos mais frequentes de má utilização de vírgula surgem na separação entre sujeito e predicado (quadro 1), entre elementos do sujeito (exemplos 2, 3, 4 do quadro 1) e entre elementos do predicado, como se ilustra no quadro 2.





Quadro 1

Pontuação incorreta

Pontuação correta

(1) A ação de formação, realiza-se em setembro. a) A ação de formação realiza-se em setembro.
(2) A ação de formação, que se realizou em setembro foi muito proveitosa. b) A ação de formação que se realizou em setembro foi muito proveitosa.
(3) A ação de formação que se realizou em setembro, foi muito proveitosa. c) A ação de formação que se realizou em setembro foi muito proveitosa.
(4) A ação de formação, que se realizou em setembro foi muito proveitosa. d) A ação de formação, que se realizou em setembro, foi muito proveitosa.

Se em (1) o erro é grosseiro, em (2) a situação é diferente.
Se o modificador do nome (destacado) for restritivo, não se colocará qualquer vírgula (b, c); se for apositivo, haverá
lugar à colocação de duas vírgulas – como se ilustra em (d).
O que nunca poderá ocorrer é a colocação de vírgula apenas no início da oração (2 e 4) ou apenas no seu termo (3).

Quadro 2

Pontuação incorreta

Pontuação correta

(1) Os alunos falaram, de forma resumida dos problemas da turma. (a1) Os alunos falaram, de forma resumida, dos problemas da turma.
(a2) Os alunos falaram dos problemas da turma, de forma resumida.
(2) Concordo em geral, com a Maria. (b1) Concordo, em geral, com a Maria.
(b2) Em geral, concordo com a Maria.
(b3) Concordo com a Maria, em geral.
(3) Comprei um livro de aventuras, ao meu primo. (c) Comprei um livro de aventuras ao meu primo.
(4) Meti o livro, na gaveta (d) Meti o livro na gaveta.
(5) O Professor disse, que o teste era fácil. (e) O Professor disse que o teste era fácil.


Na frase (1), o verbo falar seleciona preposição de (falar de alguém ou de alguma coisa) – o que faz com que não seja possível separar o complemento selecionado, «dos problemas da turma», do verbo. O modificador «de forma resumida» terá assim de aparecer entre vírgulas (a1) ou separado por vírgula do complemento (a2).


Na frase (2) a situação é semelhante à anterior, uma vez que o verbo concordar seleciona preposição com. Assim, qualquer modificador que exista na frase terá de ser sempre separado por vírgulas do complemento «com a Maria» (exemplos b1, b2 e b3).


Na frase (3), o verbo comprar seleciona complemento direto «um livro de aventuras» e indireto «ao meu primo», pelo que não é possível separar complementos através de vírgula.


Na frase (4) a situação é igual à anterior: os dois complementos selecionados pelo verbo comprar (direto «o livro» e oblíquo «na gaveta») não podem ser separados por vírgula.


Na frase complexa (5), a oração subordinada completiva «que o teste era fácil» exerce a função sintática de complemento direto do elemento subordinante «disse», pelo não é possível a sua separação por vírgula.


Os complementos de nome (não fazem parte do programa de 3.º ciclo EB) também não podem ser separados por vírgula do nome.

Ex.: «Comprei um livro, de aventuras ao João.»


Nota: o próximo post tratará de outros problemas de pontuação.

A Equipa

 

 

 

 

 

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Comentários (1)
(Comentário mais recente)
Finalmente que alguém se manifesta preocupado em tratar este tema!!! Já há muito que me preocupo com o mesmo, e, no ano passado, quando foi a reunião com os supervisores dos exames do 9.º ano, verifiquei que para a mesma situação existiam diferentes alternativas, isto é, não havia consenso. Naturalmente que a situação me preocupou, e ainda preocupa, pois sei que cada um fará a correção da pontuação de um modo diferente, o que não pode ser! Seria óptimo que este ponto ficasse clarificado e fosse unânime, para os critérios de correção serem iguais num país de parcas dimensões!!! OBRIGADA!!! [Comentário completo]