|
|
A filosofia da mente é uma área muito avançada na filosofia, mas sem reflexo nos programas de ensino portugueses. Não será propriamente grave, apesar de me parecer que teríamos algo a ganhar com a sua inclusão, já que se trata de uma área da filosofia onde a relação entre filosofia e ciência se torna mais visível.
Um dos mais famosos e estudados problemas da filosofia da mente é o da consciência. Aqui, pretende-se dar resposta a questões do género: “como é possível que se dê no meu cérebro a consciência subjetiva do vermelho?”. Como em qualquer problema, há várias hipóteses a testar. Daqui se segue o tradicional problema da dicotomia mente-corpo. |
|
Deve haver alguma coisa material que produziu a consciência imaterial de vermelho em mim. Como é que se articula esse lado material com o lado imaterial da consciência? Este não é o único problema da consciência, mas é certamente central. Parece que os dispositivos filosóficos ou científicos de que dispomos são insuficientes para resolver este enigma. E há até quem defenda que isto é mesmo assim, um problema insuscetível de explicação teórica.
Como estimular o leitor menos informado neste tipo de problemas? Bem, para isso talvez sejam necessárias algumas sugestões de leitura. Felizmente já dispomos de alguma bibliografia de qualidade em língua portuguesa. Para o leitor mais avançado, recomendaria provavelmente Descartes. Mas uma leitura destas levaria muito tempo...
|
A melhor maneira é começar pela introdução à filosofia de Nigel Warburton, Elementos básicos de filosofia (Gradiva). Nesta obra dispomos de um capítulo, de cerca de 30 páginas, dedicado aos problemas da mente.
|
|
|
|
Seguidamente, a minha recomendação vai para a leitura da recente publicação, também pela Gradiva, do livro de Colin McGinn, O carácter da mente. É certo que, na minha opinião, tem algum grau de sofisticação, mas requer mais atenção na leitura por parte do leitor do que propriamente conhecimentos técnicos ou específicos.
|
|
|
|
Finalmente, recomendo o livro de Nicholas Humphrey Poeira da alma (Gradiva). Independentemente do que nele é defendido, tem a vantagem de poder ser lido pelo leitor comum sem grande dificuldade de compreensão dos problemas. |
|
|
Portanto, se não temos o problema da consciência resolvido, e é certo que temos o problema em aberto, nada melhor do que conhecê-lo mais um pouco, seguindo estas sugestões de leitura.
Rolando Almeida
|