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Ensinar filosofia ou história da filosofia?
Inserido em 2013-06-20  |  Adicionar Comentário

 

Uma das perguntas que muitos professores de filosofia colocam com frequência é a de saber se os adolescentes estão preparados para raciocinar criticamente.

Há certamente muitos estudos na área da psicologia cognitiva que mostram que a resposta é afirmativa.

Por todo o mundo há centenas de livros para adolescentes se iniciarem no pensamento crítico.

Muitos países, como Portugal, têm a disciplina de filosofia como obrigatória no ensino secundário, ao passo que outros a oferecem como opção.

Hoje em dia assistimos a uma verdadeira explosão da disciplina de pensamento crítico, que é a aplicação transversal de competências desenvolvidas pela disciplina de filosofia. 
                                                                     

 

Com o pensamento crítico, os jovens dão os primeiros passos no desenvolvimento de competências como:

Raciocinar com consequência

Identificar falácias

Resolver problemas

Criar soluções

Este tipo de competências são tão necessárias ao cidadão comum como aos especialistas de áreas tão distintas como matemática, engenharias, medicina, ciência em geral, etc.

O gráfico seguinte foi publicado no blogue do filósofo britânico Stephen Law e revela bem o contributo da filosofia no desenvolvimento destas competências:

A lista que se poderá ver neste link mostra bem que a filosofia ocupa o lugar cimeiro no desenvolvimento de competências como escrita analítica ou desenvolvimento do raciocínio.

Isto vem a propósito da disputa colocada pela questão que referi acima. Os professores que defendem que os adolescentes não estão preparados para tal tarefa optam por um ensino histórico da filosofia, que consiste basicamente em ensinar as teorias dos filósofos, ao passo que outros preferem entrar diretamente na discussão dos problemas. A questão é que, quanto aos primeiros, a disciplina de filosofia sofre graves consequências, já que, ao ensinar os adolescentes a decorar as teorias dos filósofos, não estamos, de facto, a ensinar a pensar criticamente ou, numa linguagem que nos é mais próxima, a filosofar. A mera repetição acrítica de teorias não desenvolve, pois, as competências críticas para as quais, diz-me a experiência, os adolescentes estão perfeitamente motivados e capazes de fazer.

Afinal de contas, bastará pensar muito seriamente no que nos dizem os nossos alunos no início do ano: “Filosofia é pensar com a nossa cabeça". Sim, é. Logo, se queremos que os nossos alunos desenvolvam competências críticas, o melhor mesmo é fazer com que eles tenham a liberdade de pensar filosoficamente.


Rolando Almeida

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Comentários (2)
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Olá, Rui. Antes de tudo, agradeço o seu comentário, que mais parece que está a tirar-me algumas palavras da boca. Mas é exatamente por tudo o que diz que eu e o Domingos Faria abraçamos este projeto aqui no Manual 2.0. Isto porque acreditamos que as pessoas têm uma ideia muito mal formada da nossa disciplina e que temos de ser nós, que fazemos da filosofia o nosso ganha-pão, a contr (...) [Comentário completo]
O problema não reside em mostrar teorias filosóficas antigas, mas a forma como é feita essa transmissão,nesse ponto concordo consigo. Quanto à questão de existirem professores que consideram que os alunos não estão preparados para filosofarem sobre as teorias filosóficas, julgo que essa convicção decorre de alguns factores, dos quais destaco, a falta de raciocínio reflexivo até ao (...) [Comentário completo]