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As proposições
Inserido em 2013-04-24  |  Adicionar Comentário
 

Podem surgir dificuldades iniciais para os estudantes quando se lhes é explicada a noção de proposição. A definição é relativamente simples: uma proposição é o conteúdo de pensamento literalmente expresso numa frase declarativa com valor de verdade.

Uma proposição não é uma frase. Existem diferentes tipos de frases, interrogativas, exclamativas, frases que exprimem ordens, etc., mas somente as frases declarativas com sentido exprimem proposições. Isto acontece porque uma frase não é em si verdadeira nem falsa. Isto é, não é a frase que é verdadeira ou falsa, mas o conteúdo de pensamento que ela refere. E esse conteúdo pode ser expresso em muitas frases escritas em línguas diferentes. As frases “A porta está aberta.” ou “The door is open.” exprimem a mesma proposição, isto é, o mesmo conteúdo de verdade.

 


Usamos o estado de coisas no mundo para saber se uma proposição é verdadeira ou falsa. Se queremos saber se a proposição “A porta está aberta.” é verdadeira, tudo o que temos a fazer é verificar se, no mundo atual, a porta está de facto aberta. Este é um critério de verdade ainda discutível, mas para o iniciante em filosofia é bom começar por aqui e não entrar ainda na metafísica do conceito de verdade.

O interesse do estudo das proposições em filosofia é o da verdade, já que em filosofia, como em todos os saberes e até no senso comum, queremos saber verdades e não falsidades. Só que o conhecimento filosófico é proposicional.

O objetivo do ato de filosofar é conseguir bons argumentos que melhor justifiquem uma determinada tese. Um argumento é bom se for sólido ou se, pelo menos, as premissas forem mais plausíveis que a conclusão. Um argumento é sólido se, além de válido, tiver premissas verdadeiras. Se as premissas forem mais aceitáveis que a conclusão, um argumento é cogente, isto é, persuade racionalmente (o que, na procura da verdade em filosofia, é um ponto seguro; mas, no senso comum, pode não ser suficiente que um argumento persuada racionalmente. Filosofia e senso comum são, no entanto, saberes diferentes).

A vantagem destes conhecimentos é que se pode explicar mais claramente aos alunos a importância das proposições e a razão pela qual o conhecimento em filosofia passa por ser um conhecimento proposicional.

Sem a clarificação destes aspetos iniciais, o aluno não estará devidamente preparado para a análise dos argumentos filosóficos.


Rolando Almeida

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