LOGIN: PASSWORD: Novo utilizador | Recuperar Password  
Filosofia no cinema
Inserido em 2013-03-27  |  Adicionar Comentário

 

 

Quando se aborda a filosofia no cinema é preciso começar por distingui-la de filosofia do cinema, algo bem diferente.

Por um lado, a filosofia do cinema é uma subárea da filosofia da arte, desenvolvida por filósofos como Noël Carroll, que trata de problemas como: Será o cinema uma forma de arte? Terão os filmes um autor? Em que consiste a experiência cinematográfica? Será o cinema uma fonte de conhecimento?

Por outro lado, a filosofia no cinema faz uso do cinema para introduzir, ilustrar e explorar ideias e temas filosóficos. Ou seja, recorre-se ao cinema como ponto de partida para a reflexão filosófica. Deve servir sobretudo para promover a discussão de problemas e ideias filosóficas. Isto é, utiliza-se o cinema para pensar criticamente nos problemas, teorias, argumentos e experiências mentais da filosofia.

Aqui pretende-se tratar apenas da filosofia no cinema como estratégia didática na sala de aula.

Um dos grandes problemas do recurso ao cinema na sala de aula será usar filmes apenas para preencher o tempo ou como um mero entretenimento dos alunos. Ora, isto não tem qualquer relevância para o ensino da filosofia.

 


Do mesmo modo, pode-se utilizar filmes para substituir os textos filosóficos e a exposição do professor, mas tal não será uma aula de filosofia.

Portanto, uma aula de cinema mal preparada pode contribuir para não se ensinar filosofia e conduzir à dispersão e à perda de tempo. No entanto, uma aula de cinema bem preparada e filosoficamente relevante pode ajudar a motivar os alunos para debater problemas, teorias e argumentos da filosofia, bem como para desenvolver o pensamento crítico. Então, como preparar bem uma aula de cinema?

Para responder a essa questão, os professores devem questionar-se:

– Que objetivos se pretendem alcançar com o recurso a determinado filme?
– É adequado e pertinente aos conteúdos programáticos?
– Que problemas, teorias, argumentos e experiências mentais filosóficos se podem destacar no filme?

Após responderem a estas questões, é fundamental começar a construir um guião do filme. Este é um instrumento fulcral para haver sucesso numa aula com cinema, devendo informar, orientar e estabelecer as tarefas a realizar.
Uma possível estrutura de guião é a seguinte:

(1) Ficha técnica do filme (com referência ao realizador, argumentista, duração, país, ano, etc.).
(2) Sinopse do argumento (ou seja, fazer o enquadramento do enredo, os temas principais…).
(3) Questões de interpretação (pistas de visionamento que apelem tanto à atenção como à compreensão do filme).
(4) Questões de discussão/debate (isto é, explorar vários temas filosóficos a partir de segmentos do filme estimulando os alunos para o debate crítico dos problemas, teorias e argumentos filosóficos).
(5) Para saber mais (fornecer aos alunos bibliografia para aprofundarem o tema).



Na disciplina de Filosofia no 10.º ano, no terceiro período, leciona-se filosofia da religião. Por isso, deixo em anexo um exemplo de um guião que se poderá utilizar com os alunos.



Domingos Faria

Bookmark and Share